domingo, 26 de dezembro de 2010

SUPERANDO AS DIFICULDADES ATRAVÉS DOS LIVROS

Emocionante história de Robson Mendonça, ex-morador de rua que atualmente viabiliza o acesso da população, pricipalmente os mais carentes, aos livros através da BICICLOTECA - Biblioteca Itinerante (projeto patrocinado por um escritório de advocacia em sâo Paulo).


http://br.noticias.yahoo.com/persona--de-morador-de-rua-incentivador-da-cultura-in%C3%ADcio-da-bicicloteca-165638972.html

domingo, 5 de setembro de 2010

MÚSICA PARA CRIANÇA É COISA SÉRIA

TRABALHOS DA PALAVRA CANTADA, PATO FU, ADRIANA CALCANHOTO E OUTROS ARTISTAS COMPROVAM QUE PRODUÇÃO FEITA PARA OS PEQUENOS DEVE APRESENTAR CONTEÚDO LÚDICO E INTELIGENTE.



          Fazer música para crianças não é uma tarefa tão simples quanto parece. É um trabalho que vai muito além de misturar palavras e sons para criar melodias baseadas na rima e na repetição rítmica. Por trás de cada composição, é preciso dar vida a versos e refrões que farão parte da educação infantil e que vão auxiliar no aprendizado da fala e da alfabetização, ampliar o vocabulário, introduzir novos conhecimentos, além de desenvolver a coordenação motora a partir de movimentos da dança e de sensibilizá-las para a música. “Tem que ter responsabilidade ao compor para o público infantil, pois tudo o que você coloca no CD ou DVD elas vão repetir. E isso exige concentração e dedicação diária. Não é algo que se faz da noite para o dia. Tem que se envolver e conhecer o campo que está pisando”, afirma Sandra Peres, vocalista da Palavra Cantada.

          Há mais de 16 anos no mercado de música infantil, a dupla Palavra Cantada – que também é composta pelo músico Paulo Tatit – produziu 12 CDs autorais, 4 DVDs e um repertório com mais de 100 canções, ultrapassando a marca de 1 milhão de álbuns vendidos. Suas músicas são feitas dentro de um padrão de qualidade que não subestima a inteligência mirim – ao contrário: as letras, melodias e arranjos são trabalhados de forma lúdica e poética para explorar as capacidades físicas, de memorização e de ritmo das crianças. O resultado tem agradado não só os pequenos, como também os pais e, especialmente, os professores de educação infantil, que passaram a adotar os álbuns como um complemento nas atividades escolares.

          Entre eles está o recém-lançado Livro de Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada (Melhoramento), uma coleção com cinco volumes de livros, CDs e DVDs que traz 80 canções acompanhadas das letras e cifras das músicas e do passo a passo de como brincar em cada canção. As mídias ainda contam com o personagem do professor Beleléu, que apresenta conceitos musicais de melodia, timbre, pulso, compasso, ritmos como o balão e o maracatu, e os processos de construção dos instrumentos como forma de estimular o canto e a descoberta dos sons.

          “A criança é prática, então, não há nenhuma palavra apresentada nas canções de que não tenhamos levado em consideração o aspecto prático. Como é um trabalho focado no aprendizado musical, ela experimenta corporalmente alguns aspectos da música, que incluem ritmo, fraseado, timbre e aprende a distinguir um instrumento do outro. É só a partir da experiência e da vivencia que se consegue passar de fato um conceito para a criança, e as brincadeiras do Livro de brincadeiras da Palavra Cantada estimulam a desenvolvimento musical de forma abrangente, para crianças a partir de quatro anos”, explica Paulo Tatit.




PARA ADULTOS E CRIANÇAS


          Assim como a dupla Palavra Cantada, alguns artistas famosos, mas que não faziam trabalhos especificamente para as crianças, resolveram se aventurar para criar álbuns que favorecem a inteligência e a introdução ao mundo musical das crianças. Em 2002, Toquinho lançou o CD Herdeiros do Futuro, uma das ações do Projeto Guri para crianças e jovens carentes. No repertório, o cantor apresentou 13 canções que revelam fantasias e descobertas do universo infantil, como A Bicicleta e Aquarela. Inspirado no nascimento da filha Isabela, o casal Jair Oliveira e Tânia Khalil estreou nesse mercado com o álbum educativo Grandes Pequeninos, um projeto com músicas que ensinam, por exemplo, que as crianças devem andar de carro sentadas nas cadeirinhas. O disco tem participações de Jair Rodrigues e Luciana Mello, pai e irmã do cantor, e de amigos próximos, como Pedro Mariana, Seu Jorge, Simoninha, João Suplicy e Max de Castro.

           Arnaldo Antunes é outro artista que presenteou as crianças com um álbum com conteúdo expressivo. No ano passado, ele gravou Pequeno Cidadão, ao lado de Taciana Barros, Antonio Pinto e do guitarrista e compositor Edgard Scandurra. O CD Pequeno Cidadão foi pensado a partir de canções de ninar que todos criaram para seus filhos. Com 14 faixas que vão da bossa nova ao rock, o disco foi denominado pelo grupo como “música psicodélica para crianças” para destacar o conceito de que as produções infantis não precisam ser simples para tratar de questões como o momento de largar a chupeta. Agora, o Pequeno Cidadão será lançado em DVD, com clipes especiais.

          Sob o heterônimo de Adriana Partimpim, a cantora Adriana Calcanhotto também já lançou dois CDs infantis: o Adriana Partimpim (2004), que gerou o DVD Adriana Partimpim, o Show (2005), e o Dois, que recentemente virou o DVD Dois é Show e acaba de chegar às lojas. “A vontade de brincar de música me levou a investir em produções para crianças. Achei que seria interessante oferecer a eles um trabalho feito com muita dedicação e tenho sido feliz desde que essa aventura começou. Deixei-me contaminar pelo universo infantil e as canções foram me levando a montar um repertório rico em poesia e aspectos lúdicos”, conta Adriana Partimpim.

          A proposta dos trabalhos de Partimpim é incentivar o contato com a arte e revelar as diversas possibilidades da música através de melodias inspiradas em poesias de escritores que marcaram a literatura de língua portuguesa, algo quase impossível de se imaginar para o público infantil. No CD Dois, por exemplo, a canção O Trenzinho do Caipira traz a letra que Ferreira Gullar escreveu para a peça instrumental de Heitor Villa-Lobos, e Alface é uma versão de Augusto de Campos para um poema do inglês Edward Lear. Fatos históricos também deram asas às músicas presentes no álbum, como Alexandre, de Caetano Veloso, que conta a história dos amores de Alexandre, o Grande, príncipe e rei da Macedônia. O CD ainda traz músicas clássicas de João Gilberto, Erasmo Carlos, Vinícius de Moraes e Bob Dylan.

         Já o DVD Dois é Show é um complemento do CD e as crianças têm a chance de assistir a tudo o que é imaginado nas canções com a multiplicação de personagens interpretados pela cantora durante o show Partimpim. A experiência de produzir para crianças tem sido tão agradável e empolgante que Adriana Calcanhotto garante que haverá novos trabalhos para elas. “A ideia é criar discos enquanto houver vontade e repertório que justifique. É tão divertido fazer o que todo mundo deveria experimentar. Não existe nada como olhinhos de criança brilhando na escuridão de uma plateia”, confessa Adriana.




MÚSICA DE BRINQUEDO


          Com um projeto ousado, a banda mineira Pato Fu também se aventurou no mundo dos pequeninos e surpreendeu com o recente lançamento Música de Brinquedo. As 12 faixas do disco foram gravadas com instrumentos infantis que os integrantes do grupo adquiriram para presentear seus filhos (e que permitiam reproduzir qualquer som afinado), além de alguns ligados à musicalização infantil. Entre eles, guitarra em miniatura, caixinha de música, xilofone de latão, apitos, calculadora, um telefone de plástico e até mesmo um jogo Gênius, que simulou um saxofone. “Nem todos os instrumentos de brinquedo são “tocáveis” e separar as tranqueiras das verdadeiras joias foi uma empreitada e tanto. Fizemos bastante pesquisa em lojas, oficinas artesanais e sites. Eu, por exemplo, nas viagens que realizei nesse período, voltava com a mala cheia de cornetas de plástico, tecladinhos eletrônicos baratos e qualquer tipo de traquitana que tivesse um apelo infantil”, revela o guitarrista Jonh Ulhoa, produtor do CD.

          Para deixar bem claro a presença desses instrumentos, todas as canções escolhidas para o CD são releituras de clássicos nacionais e internacionais, como Ovelha Negra, de Rita Lee, Sonífera Ilha, dos Titãs, e Love Me Tender, de Elvis Presley. “Os arranjos de brinquedo teriam um efeito muito mais potente se aplicados a produções conhecidas, que tivessem arranjos emblemáticos. Assim, ouvimos velhas canções adultas e tiramos praticamente nota por nota, só que com instrumentos de brinquedo”, conta Ulhoa.

          A principal dificuldade para a gravação foi unir a afinação dos instrumentos e harmonizá-la aos arranjos. Isso sem contar o trabalho de tocar brinquedos que, muitas vezes, mal cabiam entre os dedos. Mas, para a vocalista Fernanda Takai, o resultado foi gratificante, especialmente por se tratar de um álbum que contou com a participação da própria filha, Nina Ulhoa, com o guitarrista da banda. “As crianças têm gostado muito e os pais que compraram o disco também cantam e querem logo ver o show! Acho que esse disco tem a função de diversão para a família. De um jeito bem simples e despretensioso, mostramos que os brinquedos que temos em casa podem ser usados para fazer som de verdade. É para brincar de tocar e cantar”, afirma Fernanda.



(Almanaque Saraiva – OUTUBRO / 2010)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS - RESGATANDO A AUTO-ESTIMA




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     Nos últimos anos a Educação de Jovens e Adultos (EJA) cresceu muito, isso porque a população está interessada em melhorar o seu nível de escolaridade.

     “Sendo a educação um direito de todos”, conforme a (Constituição de 1988, em seu Art. 2008, parágrafo 1º), é mais do que justo que estas pessoas com mais de 15 anos de idade tenham a oportunidade de voltar aos seus estudos, já que não a tiveram em idade escolar.

     O acesso ao conhecimento científico constitui, hoje, uma necessidade de tal modo que ninguém mais pode arrogar-se o direito de permanecer indiferente ao quadro de exclusão educacional que se verifica no país, quadro este que se agrava pelo fato de que um grande contingente dentre esses excluídos que não tiveram oportunidade de iniciação escolar, ficando assim afastados da alfabetização (domínio básico da escrita e da matemática), sendo que essas disciplinas constituem uma importância elevada na aquisição do conhecimento.

     Devido esta razão, constata-se a ocorrência e a movimentação que processos que visam promover uma educação de jovens e adultos, seja no ensino regular ou em programas de investigação para a prática pedagógica.

ALFABETIZAR PARA ALÉM DAS CARTILHAS É ALFABETIZAR PARA O MUNDO
Método de Alfabetização de Adultos de Paulo Freire
(por Angela Adriana de Almeida Lima - Publicado 23/07/08)



      O renomado educador brasileiro Paulo Reglus Neves Freire jamais concordou com práticas educacionais que transmitissem aos sujeitos um saber já construído. Ele acreditava que o ato de educar deve contemplar o pensar e o concluir, contrapondo a simples reprodução de ideias impostas - alfabetização deveria ser sinônimo de reflexão, argumentação, criticidade e politilização.

     Se em práticas educacionais envolvendo alfabetização em níveis de escolaridades "adequados", metodologias tradicionais de ensino não despertam interesse do educando, no EJA estas ações são um convite a evasão escolar. Ao pensar em alfabetização de adultos, Freire considerou a ausência de sentido presente nas lições das cartilhas, com frases desvinculadas da realidade do alfabetizando - que após trabalhar o dia todo, sentava em uma cadeira, preocupado com o gás, a água, a energia elétrica, o alimento e o salário do mês - e ouvia frases como "O boi baba e bebe" ou "Vovô viu a uva". Em que frases como estas contribuiriam para seu cotidiano? Aprender a ler e escrever para quê?

    Uma mudança seria eminentemente necessária. As atividades apresentadas a eles também eram desmotivantes ao processo, pois traziam suas respostas prontas, sem a necessidade de uma reflexão sobre o assunto. Apesar de que não havia o que um adulto, trabalhador, assalariado pudesse analisar em frases - desprovidas de informação - como as acima citadas. Então, realmente as práticas envolvendo a alfabetização de adultos estavam desvinculadas da realidade de seus educandos.

     Paulo Freire iniciou suas pesquisas de campo, e através delas pode confirmar que as metodologias e os materiais didáticos utilizados, estavam desmotivando os alunos, que demoravam muito a apresentar resultados e acabavam abandonando os estudos. Após esta conclusão, Freire elaborou seu método, montou sua equipe e partiu para o desafio de alfabetizar para além das cartilhas.

    Para realização de seu trabalho, o educador deveria saber ouvir o educando em suas experiências e através delas elaborar seu roteiro de ação, apresentando materiais que apresentassem sentido para a vida dos alfabetizandos, proporcionando a eles ricos momentos de reflexão, durante os "círculos de cultura" - nomenclatura utilizada por Freire para apresentar essa fase do método.

    Os resultados foram surpreendentes, os alunos foram alfabetizados em pouco tempo e apenas um se evadiu, evidenciando o sucesso do método. Então, várias novas cartilhas que estimulavam o pensar crítico e consciente foram elaboradas - todavia foram presas ainda na gráfica.

     E Freire foi exilado por vários anos, fato que não o impediu de continuar sua luta por uma nova proposta educacional em território brasileiro - uma educação transformadora.

     Ao retornar ao Brasil, Paulo deu continuidade aos seus trabalhos e transformando por onde passasse a forma de pensar de muitos oprimidos.

     Faleceu vítima de um enfarto, deixando várias obras literárias que tanto contribuíram e contribuem para a educação em nível mundial.

     Em seu legado Freire enfatiza a educação como prática de libertar o ser humano das amarras impostas por interesses pessoais e políticos, proporcionando a educadores reflexões a respeito de suas responsabilidades enquanto mediadores de conhecimento, livre de alienações que descaracterizam uma educação significativa e contrapõem a "formação de um cidadão crítico e consciente" - objetivo maior do processo educacional vigente.