sexta-feira, 20 de maio de 2011

THE KINGS SPEECH - O DISCURSO DO REI

Gênero: Drama e História
Duração: 118 min
Origem: Reino Unido e Austrália
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Distribuidora: Paris Filmes
Ano: 2010

SINOPSE:

          História do rei George VI, pai da atual rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Após ver seu irmão Edward (Guy Pearce) abdicar o trono inglês, o jovem George (Colim Firth) se vê obrigado a assumir relutantemente a coroa. Dono de uma gagueira nervosa que o impede de discursar para o público, o rei busca a ajuda do terapeuta nada ortodoxo Lionel Logue (Geoffrey Rush). Em meio a tudo isso, precisa juntar forças para comandar o país na Segunda Guerra Mundial.

ASSISTA AO FILME CLICANDO NO LINK ABAIXO:
http://www.brasilianfilmes.com/2011/06/assistir-o-discurso-do-rei-legendado.html


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O REI, A GAGUEIRA E A FONOAUDIOLOGIA


          O Discurso do Rei é um filme que trouxe a Fonoaudiologia e a gagueira ao centro das atenções. Quem diria? Gagueira como tema central de um filme tão bem interpretado e, levada a sério de forma tão contundente!

          Para nós, a grande contribuição do filme é mostrar que gagueira é da Fonoaudiologia, e o é desde antes da II Guerra Mundial. O trabalho terapêutico realizado com a fala do duque que se torna rei foi a única experiência, dentro as tantas “sofridas” por ele que produziu resultados efetivos. Foi a única que lhe permitiu ser a voz do povo no discurso que dá nome ao filme. Ou seja: apesar das questões psicossociais que representam o (des)conhecimento que havia sobre gagueira na época, foi um fonoaudiólogo que mudou o cenário.

          Hoje o entendimento de que gagueira é um distúrbio neurobiológico, localizado na área da linguagem do cérebro, assim como suas características genéticas não são mais dúvida nas comunidades internacionais que se dedicam ao seu estudo. Logo, gagueira, por ser um distúrbio de linguagem, é da Fonoaudiologia. Tomara que essa compreensão se dissemine pelas universidades e pelos corações e mentes dos profissionais brasileiros da área.

          Também é importante comentar sobre Lionel Logue. Ele se diz autodidata e desenvolve “técnicas”, um exemplo claro é a insistência para que o rei aprenda respiração diafragmática. Hoje há formas melhores de aprender a sincronizar respiração e a fala do que ter uma rainha sentada sobre a barriga de alguém. Ou ainda: “Deslizar nas palavras” é uma técnica eficaz, usada por muitos terapeutas ainda hoje. E, por fim, aumentar a autoconfiança em situações de fala. Encarar a gagueira (ou qualquer patologia) como um desafio e não como uma ameaça é muito benefício para todos.

          Talvez aqui resida a maior importância de Logue. Um terapeuta que tem domínio do seu fazer é confiante e passa confiança. Tem condições de estabelecer vínculos sólidos que permitem ao paciente encarar uma rotina terapêutica nem sempre fácil e abandonar ideias de soluções mágicas.

          Conhecimento científico atualizado, diagnósticos diferenciais entre disfluência e gagueira, terapia baseada em produção de evidências são indispensáveis hoje. Saber que uma criança tratada o mais perto do inicio de suas não fluências tem de 98% a 100% de chances de superá-la; que não se espera dois anos para ver “se passa”; que tratar crianças que gaguejam não é o mesmo que tratar adultos, que tratar gagueira não é o mesmo que tratar voz, entre outros, são saberes que não combinam com autodidatismo. Combinam com um fazer fonoaudiológico competente e qualificado.

O Discurso do Rei dá a todos a valiosa oportunidade de mostrar que
GAGUEIRA É, SIM, DA FONOAUDIOLOGIA !!!