domingo, 20 de março de 2011

ATENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA AUMENTA A QUALIDADE DE VIDA DE SOROPOSITIVOS

O trabalho fonoaudiológico direcionado a soropositivos proporciona melhora na qualidade de vida desses pacientes e auxilia na inserção dos portadores da doença no meio social em que vivem. “Além disso, mantém e recupera padrões do sistema sensório-motor oral essenciais para uma alimentação adequada, boa comunicação, preservação da audição e melhora dos aspectos de memória e atenção”, explica a fonoaudióloga Priscila Goretti de Landa (CRFa 5510-MG), que trabalha no Centro de Apoio e Solidaried’AIDS – Grupo Casa, em Juiz de Fora (MG).

No Brasil, já foram registrados, desde 1980 até junho de 2010, 592.914 casos de AIDS (doença já manifestada), de acordo com dados do Boletim Epidemiológico AIDS 2010 do Ministério da Saúde (MS). Segundo informações do MS, a epidemia continua estável. A taxa de incidência da doença oscila em torno de 20 casos por 100 mil habitantes. Além disso, o coeficiente de mortalidade vem-se mantendo estável no país, a partir de 1998, apresenta-se em torno de seis óbitos por 100 mil habitantes.

De acordo com Priscila, inicialmente, são realizados os trabalhos de prevenção, triagem e encaminhamentos necessários. Posteriormente, são feitas as avaliações e reabilitações dos órgãos fonoarticulatórios, das funções do sistema sensório-motor oral, da linguagem oral e escrita e da audição.

De acordo com a fonoaudióloga Amanda Reis (CRFa 4081-MG), que também atua no Centro de Apoio e Solidaried’AIDS, os pacientes soropositivos apresentam sintomas como lipodistrofia facial (perda de massa muscular e de gordura), devido ao uso dos antiretrovirais. O tratamento desse efeito colateral é um dos principais focos do trabalho, porque a lipodistrofia facial afeta as estruturas e funções do sistema sensório-motor oral. “As doenças oportunistas geram dificuldades de mastigação, deglutição, fala e audição, que também afetam os órgãos fonoarticulatórios e a linguagem”, completa.

A fonoaudióloga Karina Zanella Pimentel (CRFa 3436-ES) conta que atende pacientes no Centro de Referencia em DST/Aids de Cariacica (ES) com queixas fonoaudiológicas e pacientes em fase crônica da doença, com disfagia e distúrbios da comunicação, como disartria. Segundo ela, as gestantes soropositivas são orientadas sobre a possibilidade de transmissão do vírus pelo leite materno e sobre alternativas para oferecer a alimentação.

De acordo com Karina, a infecção pelo vírus HIV representa um dos maiores problemas de saúde pública e apresenta diferentes manifestações clínicas, além das alterações fonoaudiológicas, cometimentos neurológicos.



(Fonte: COMUNICAR – Revista do Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia – Ano XII – Nº 48 – janeiro-março de 2011)