segunda-feira, 10 de maio de 2010

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS - RESGATANDO A AUTO-ESTIMA




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     Nos últimos anos a Educação de Jovens e Adultos (EJA) cresceu muito, isso porque a população está interessada em melhorar o seu nível de escolaridade.

     “Sendo a educação um direito de todos”, conforme a (Constituição de 1988, em seu Art. 2008, parágrafo 1º), é mais do que justo que estas pessoas com mais de 15 anos de idade tenham a oportunidade de voltar aos seus estudos, já que não a tiveram em idade escolar.

     O acesso ao conhecimento científico constitui, hoje, uma necessidade de tal modo que ninguém mais pode arrogar-se o direito de permanecer indiferente ao quadro de exclusão educacional que se verifica no país, quadro este que se agrava pelo fato de que um grande contingente dentre esses excluídos que não tiveram oportunidade de iniciação escolar, ficando assim afastados da alfabetização (domínio básico da escrita e da matemática), sendo que essas disciplinas constituem uma importância elevada na aquisição do conhecimento.

     Devido esta razão, constata-se a ocorrência e a movimentação que processos que visam promover uma educação de jovens e adultos, seja no ensino regular ou em programas de investigação para a prática pedagógica.

ALFABETIZAR PARA ALÉM DAS CARTILHAS É ALFABETIZAR PARA O MUNDO
Método de Alfabetização de Adultos de Paulo Freire
(por Angela Adriana de Almeida Lima - Publicado 23/07/08)



      O renomado educador brasileiro Paulo Reglus Neves Freire jamais concordou com práticas educacionais que transmitissem aos sujeitos um saber já construído. Ele acreditava que o ato de educar deve contemplar o pensar e o concluir, contrapondo a simples reprodução de ideias impostas - alfabetização deveria ser sinônimo de reflexão, argumentação, criticidade e politilização.

     Se em práticas educacionais envolvendo alfabetização em níveis de escolaridades "adequados", metodologias tradicionais de ensino não despertam interesse do educando, no EJA estas ações são um convite a evasão escolar. Ao pensar em alfabetização de adultos, Freire considerou a ausência de sentido presente nas lições das cartilhas, com frases desvinculadas da realidade do alfabetizando - que após trabalhar o dia todo, sentava em uma cadeira, preocupado com o gás, a água, a energia elétrica, o alimento e o salário do mês - e ouvia frases como "O boi baba e bebe" ou "Vovô viu a uva". Em que frases como estas contribuiriam para seu cotidiano? Aprender a ler e escrever para quê?

    Uma mudança seria eminentemente necessária. As atividades apresentadas a eles também eram desmotivantes ao processo, pois traziam suas respostas prontas, sem a necessidade de uma reflexão sobre o assunto. Apesar de que não havia o que um adulto, trabalhador, assalariado pudesse analisar em frases - desprovidas de informação - como as acima citadas. Então, realmente as práticas envolvendo a alfabetização de adultos estavam desvinculadas da realidade de seus educandos.

     Paulo Freire iniciou suas pesquisas de campo, e através delas pode confirmar que as metodologias e os materiais didáticos utilizados, estavam desmotivando os alunos, que demoravam muito a apresentar resultados e acabavam abandonando os estudos. Após esta conclusão, Freire elaborou seu método, montou sua equipe e partiu para o desafio de alfabetizar para além das cartilhas.

    Para realização de seu trabalho, o educador deveria saber ouvir o educando em suas experiências e através delas elaborar seu roteiro de ação, apresentando materiais que apresentassem sentido para a vida dos alfabetizandos, proporcionando a eles ricos momentos de reflexão, durante os "círculos de cultura" - nomenclatura utilizada por Freire para apresentar essa fase do método.

    Os resultados foram surpreendentes, os alunos foram alfabetizados em pouco tempo e apenas um se evadiu, evidenciando o sucesso do método. Então, várias novas cartilhas que estimulavam o pensar crítico e consciente foram elaboradas - todavia foram presas ainda na gráfica.

     E Freire foi exilado por vários anos, fato que não o impediu de continuar sua luta por uma nova proposta educacional em território brasileiro - uma educação transformadora.

     Ao retornar ao Brasil, Paulo deu continuidade aos seus trabalhos e transformando por onde passasse a forma de pensar de muitos oprimidos.

     Faleceu vítima de um enfarto, deixando várias obras literárias que tanto contribuíram e contribuem para a educação em nível mundial.

     Em seu legado Freire enfatiza a educação como prática de libertar o ser humano das amarras impostas por interesses pessoais e políticos, proporcionando a educadores reflexões a respeito de suas responsabilidades enquanto mediadores de conhecimento, livre de alienações que descaracterizam uma educação significativa e contrapõem a "formação de um cidadão crítico e consciente" - objetivo maior do processo educacional vigente.