Assunto: DESENVOLVIMENTO NORMAL DA FALA E LINGUAGEM E SUAS ALTERAÇÕES

FALA E LINGUAGEM (DE ZERO A 6 ANOS)

          “Seu filho de 2 anos ainda não fala, só diz algumas palavras. Em comparação com seus amiguinhos, você acha que ele está atrasado. Esperando que ele se desenvolva, você adia a procura de um profissional especializado”.

          Esta cena é comum entre os pais de crianças que demoram para começar a falar. A menos que sejam observadas dificuldades em outras áreas do desenvolvimento, os pais às vezes hesitam para buscar ajuda.

NÃO ESPERE PARA AVALIAR...
          Crianças com a idade de 12 a 18 meses devem ser vistas por profissionais quando seus pais suspeitam de atraso nas habilidades de comunicação. Os pais devem também procurar ajuda se seu filho de qualquer idade não responde a sons. Uma avaliação precoce é importante, para evitar futuros problemas de linguagem.

          Há uma diferença entre fala e linguagem. A fala se refere basicamente à forma de articular sons nas palavras. A linguagem significa expressar e receber informações de modo significativo. É compreender e ser compreendido através da comunicação. Uma criança com problemas de linguagem pode estar apto a pronunciar bem as palavras, mas, ser incapaz de colocar mais de duas palavras juntas. Inversamente, a fala de uma outra criança pode ser difícil de ser compreendida, mas ela usa palavras e frases para expressar suas idéias. Problemas com fala e linguagem diferem, mas freqüentemente coincidem.


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE ZERO A 12 MESES

A criança de zero a 6 meses de idade...
Reage aos estímulos ambientais de forma reflexa
Reage aos estímulos ambientais alterando o comportamento de forma significativa (sorriso e choro)
Ri e murmura para pessoas conhecidas
Reage às vozes altas, ou não amigáveis
Volta-se e olha na direção dos novos sons
Balbucia pedindo atenção
Faz vocalizações generalizadas
Observa sua mão
Reage ao seu nome

Com 8 meses, a criança ...
Acaricia sua própria imagem refletida no espelho
Produz quatro ou mais sons diferentes
Usa freqüentemente as sílabas ba, da, ka
Transfere objetos de uma mão para outra
Vocaliza com variação de entonação frente aos diferentes estímulos
Tenta imitar sons

Com 10 meses, a criança ...
Pode já dizer “mama” e “papa”
Grita para chamar atenção
Vocaliza enquanto manipula objetos
Usa um jargão (balbucio que parece linguagem verdadeira)
Brinca de “esconde-esconde”
Fala uma sílaba ou uma sequência de sons repetidamente
Sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho.

Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de zero a 12 meses:
Reagindo aos sons que ela faz
Falando com ela enquanto você estiver cuidando dela
Lendo livros coloridos todos os dias
Mantendo sua linguagem simples e concreta
Recitando versinhos e cantando
Mostrando interesse em todos os sons diferentes que ela ouve (o gelo num copo, a campainha tocando, a chuva caindo)
Ensinando os nomes das coisas do dia a dia e das pessoas familiares
Levando a criança em diferentes lugares
Brincando de jogos simples como “esconde-esconde”
Tocando música para ela


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 12 A 18 MESES

A criança de 12 a 18 meses...
Reconhece seu nome
Entende “não”
Compreende ordens simples
Imita palavras familiares
Acena com a mão (adeus)
Fala 2 ou 3 palavras além de “mamãe” e “papai”
Emite “sons” de coisas e animais familiares
Dá um brinquedo quando lhe pedem
Dá muitas gargalhadas
Ouve bem e discrimina vários sons
Reconhece a palavra como símbolo de um objeto: carro – aponta a garagem; gato - miau
Mostra muito afeto, fazendo barulhos e batendo palmas com o carinho de seus pais
Entende verbos que representem ações concretas e relativos a suas próprias necessidades ( mais, quer, acabou, dá)
Identifica 4 objetos familiares sob nomeação


Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de 12 a 18 meses:
Lendo livros bem ilustrados e coloridos
Incentivando-a brincar de jogos de imitação
Usando frases curtas
Reforçando as palavras novas ditas por ela
Fazendo atividades próprias para sua idade
Conversando sobre o que vocês estão fazendo quando estiverem juntos


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DOS 18 AOS 24 MESES

A criança de 18 a 24 meses...
Usa 10 a 20 palavras, incluindo nomes
Escuta bem e discrimina vários sons
Reconhece retratos de familiares e figuras de objetos conhecidos
Combina duas palavras para demonstrar seus desejos, tal como "mais"
Imita palavras e sons com maior precisão
Aponta ou faz gestos para mostrar alguma coisa ou para expressar seus desejos
Traz objetos familiares de um cômodo para outro quando solicitado
Obedece ordens simples
Imita trabalhos domésticos: esfregar um pano, colocar a mesa
Nomeia 4 objetos rotineiros
Pode cantarolar
Identifica 3 partes do corpo, em si e no outro sob nomeação
Realiza até 2 ordens simples
Usa o próprio nome
Responde sim e não
Começa a fazer frases simples


Como você pode estimular a linguagem da criança de 18 a 24 meses:
Contando histórias de livros
Falando de modo, simples e claro
Proporcionando experiências para estimular a fala e o desenvolvimento da linguagem: passeios, ida ao "shopping", ao play ou jardim de sua casa, piquenique, tarefas domésticas em conjunto
Conversando sobre os lugares novos antes de ir, enquanto vocês estiverem lá, e quando chegarem em casa
Olhando-a nos olhos quando estiver falando com ela
Imitando e identificando sons , tais como cachorro latindo, pássaros cantando, sirenes, portas rangendo, barulho de água
Descrevendo o que a criança está fazendo, sentindo e ouvindo
Fazendo com que estas experiências de falar e escutar sejam agradáveis, importantes e divertidas para a criança
Elogiando a comunicação da criança


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 2 ANOS

A criança de 2 anos...
Usa o próprio nome
Relaciona o que fala com situações concretas
Nomeia mais ou menos 3 partes do corpo ou de uma boneca ou pessoa
Fala sozinho enquanto brinca
Combina 2 palavras para exprimir posse
Mostra com os dedos a idade
Identifica no mínimo 3 objetos pelo uso
Reconhece: “grande", "pequeno”, “em cima de”, “embaixo de”, e “dentro”, sob nomeação
Aponta gravura de objeto comum
Compreende o “onde” respondendo adequadamente
Combina verbo ou substantivo com “este” e “aqui”, falando 2 palavras
Combina “é” em frases de 2 elementos
Usa artigo na fala
Aplica regra regular de gênero
Possui vocabulário de 50 a 100 palavras
Pode relacionar cores primárias e nomear uma cor


Como você pode estimular a linguagem da criança de 2 anos:
Deixando-a ouvir CD ou fitas infantis
Elogiando sua comunicação
Descrevendo as atividades que estão fazendo, acrescentando novas palavras
Utilizando palavras novas em várias situações (ampliação de vocabulário)
Proporcionando novas experiências: teatrinho, cinema, circo... e comentando sobre elas
Lendo historinhas


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 3 ANOS

A criança de 3 anos...
Aponta 3 cores primárias quando nomeadas
Começa a compreender frases relativas à direções, como: “coloque o cubo (debaixo, em frente, atrás) da cadeira. Porém é difícil entender: “ao lado”
Executa uma série de 3 ordens relacionadas
Conhece seu sobrenome e o seu sexo
Pode falar sobre uma historinha ou relacionar uma ideia ou objeto
Usa orações empregando 4 a 5 palavras
Tem um vocabulário de quase 1000 palavras
Repete sons, palavras, frases e orações
Pode repetir 2 dígitos e 3 a 4 palavras
Pode desenhar um círculo e uma linha vertical
Pode cantar músicas
É capaz de permanecer em uma atividade por 8 minutos
Com freqüência faz perguntas sobre um assunto: “Quê?”
Usa formas possessivas, como: “meu”, “minha”, “teu”, “seu”, “de” junto ao nome (ex.: de minha mamãe)
Usa formas verbais simples e complexas, tais como: “estou jogando”, “vou jogar”.
Usa termos de negação tais como: “nada”, “nunca”, “ninguém”, “nem”
Começa a usar orações compostas, unidas por: “e”, “que”, “onde”, “como”
Expressa verbalmente fadiga (diz que está cansado)
Combina substantivo mais adjetivo
Usa: “eu”, “mim”, ao invés do próprio nome
Memoriza pequenos versos e músicas


Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de 3 anos:
Introduzindo palavras novas no seu vocabulário, enquanto brinca com ela
Ensinando-lhe relações entre palavras, objetos e ideias
Ensinando à criança contar histórias, utilizando livros e desenhos
Permitindo que jogue com outras crianças
Lendo para ela histórias
Prestando muita atenção quando ela fala, lembrando que se ela repetir palavras e sons é normal
Fazendo jogos com rimas


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 4 ANOS

A criança de 4 anos...
Nomeia: pequeno, grande, embaixo, em cima, dentro, fora, pesado, leve, igual, diferente, cores primárias e 3 formas geométricas
Descreve eventos e personagens de histórias conhecidas e relata 2 fatos em ordem de ocorrência
Segue instruções ainda que não esteja em frente ao objeto
Pode falar algo imaginário como “suponho que”, “ eu desejo”
Faz perguntas usando: “Quem?”, “Por que?”, “Como?” e “Quando?”
Utiliza orações complexas
Utiliza tempo passado e plural
Copia uma linha e um círculo
Tem um vocabulário de quase 1500 palavras
Mantém-se numa atividade por 11 ou 12 minutos.
Repete 3 dígitos e sentenças de 5 a 6 palavras
Executa uma série de 2 ordens simples não relacionadas
Nomeia seus próprios desenhos
Segue regras de convívio social
Reconhece partes do corpo: cabeça, braços, pernas, pés, mãos, cabelo, bumbum, nariz, orelha e boca
Mantém atenção quando uma historinha é lida para ela
Diz seu nome completo
Responde perguntas de ordem temporal, referente a fatos concretos (dia – noite)
Identifica objetos pelo uso
Tem fala inteligível


Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de 4 anos:
Ajudando-a a classificar objetos e coisas, explicando qual a razão de pertencerem a uma determinada categoria
Conversando com ela sobre coisas que ela possa realizar
Ensinando-a usar o telefone corretamente
Permitindo que ajude a planejar atividades tais como Natal, aniversário...
Dando à criança mais responsabilidade na vida diária
Lendo histórias cada vez maiores
Permitindo que crie e conte histórias
Mostrando constantemente seu interesse no desenvolvimento de sua linguagem e pensamento


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 5 ANOS

A criança de 5 anos...
Define os objetos pelo uso e pode dizer de que são feitos os objetos
Conhece relações espaciais como “acima”, “abaixo”, “atrás”, “perto” e “longe”
Sabe seu endereço.
Constrói orações utilizando de 5 a 6 palavras
Identifica dinheiro
Possui um vocabulário de aproximadamente 2000 palavras
Usa corretamente os sons da língua
Conhece antônimos de palavras familiares
Entende o significado das palavras igual e “diferente”
Usa o condicional
Conta dez objetos
Acompanha a seqüência de uma estória
Utiliza o tempo presente, passado e futuro dos verbos
É capaz de permanecer em uma atividade durante mais de 15 minutos
Pede informações
Pede ajuda quando encontra dificuldade
Usa todo tipo de orações, algumas das quais podem ser complexas, por exemplo: “antes de entrar em casa eu preciso tirar meus sapatos molhados “
Usa corretamente os pronomes
É capaz de fazer rimas
Repete 4 dígitos
Responde a pergunta “por quê” , dando uma explicação
Nomeia cores além das primárias
Reconhece uma gravura que não pertence a uma classe específica, por exemplo: o que não pertence a classe dos animais
É capaz de apontar absurdos em uma figura
Executa uma série de 3 ordens não relacionadas
Articula corretamente todos os fonemas


Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de 5 anos...
Incentivando-a a usar sua linguagem para expressar seus sentimentos, ideias, sonhos, desejos, e medos
Permitindo que ela crie desenhos novos livremente com lápis, lápis cera, pilot e papel
Proporcionando oportunidades de aprender canções, rimas ou versos de memória
Lendo contos, histórias maiores
Falando com a criança sobre temas variados sem utilizar termos e expressões infantis
Escutando e prestando atenção quando ela fala, levando em conta que a criança entende mais do que é capaz de verbalizar


FALA E LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 6 ANOS

A criança de 6 anos...
Usa a gramática adequadamente
Compreende o significado das frases
Nomeia os dias da semana em ordem e conta até 30
Conta uma história de 4 a 5 fatos e começa a ter noção de causa/efeito
Sabe o dia e mês de seu aniversário, seu sobrenome, endereço e telefone
Distingue direita e esquerda
Conhece a maioria das palavras opostas e o significado de: “através”, “até”, “em direção a”, “longe”, “desde”.
Sabe o significado e usa corretamente as palavras: “hoje”, “ontem” e “amanhã”.
Formula perguntas utilizando: “Como?”, “Que?”, “Por que?”.
Pergunta o significado de palavras novas ou pouco familiares
Relata experiências diárias


Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de 6 anos:
Reservando um tempo de seu dia para conversar com ela
Lendo histórias para ela e pedindo que ela reconte
Ajudando-a a escrever seu próprio livro de histórias com desenhos e ilustrações
Pedindo que represente diferentes personagens de histórias
Propondo jogos que envolvam raciocínio
Dando tarefas em que seja necessário seguir algumas instruções
Deixando-a cozinhar, utilizando livros de receitas infantis, com passos e instruções simples
Assistindo com ela programas de televisão e vídeos, pedindo que conte sobre o que viu e o que mais gostou
Permitindo que participe de discussões familiares em que possa dar sua opinião
Ajudando-a a conhecer e utilizar novas palavras e conceitos

“SE VOCÊ ACHA QUE SEU FILHO NÃO ESTÁ ACOMPANHANDO ESTA ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, PROCURE UM FONOAUDIÓLOGO.”


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DESENVOLVIMENTO DO DISCURSO NARRATIVO

Perroni, M.C. (1992)

Conceito de Narrativa (Labov, 1967)
          Um método de recapitular experiências passadas fazendo corresponder uma sequência verbal de cláusulas à sequência de eventos que efetivamente ocorreram.
          A sequência temporal é sua prioridade definidora. Nem toda experiência pessoal é narrativa, só aquelas que recapitulam a experiência na mesma ordem dos eventos originais.
          Para que haja narrativa, é indispensável o acontecimento singular e original, digno de ser narrado.


Critérios linguísticos de identificação da narrativa:

a) Dependência temporal entre os eventos;
b) Orações que expressam essa dependência temporal constituída essencialmente por verbos de ação;
c) Emprego do tempo perfeito.


          Para estudar o desenvolvimento da narrativa é necessário um método que ultrapasse o limite da sentença e considere o papel do interlocutor nas situações de construção de narrativas.
          Natureza dialógica na ontogênese do discurso narrativo. (Perroni, 1992)

PROTONARRATIVAS – 2 ANOS

O desenvolvimento do discurso narrativo inicia com:
1) Jogos de Contar
Primeiras tentativas de construção de relatos. O adulto faz perguntas que colocam a criança em situação de complementaridade. Respondendo às perguntas a criança dá os primeiros passos para a construção de narrativas.

2) Estórias
Contadas pelos adultos. O papel da criança é apenas de ouvinte.
Discurso do AQUI e AGORA
• Caracteriza-se por comentários do que ocorre no momento da interação e planejamento de ações que ocorrerão em seguida.
• A criança utiliza o termo AGORA e todas outras expressões de tempo (amanhã, de noite etc.) significam apenas NÃO AGORA.

• Utilização de JÁ, PRONTO, OUTRA VEZ e AINDA.
• O uso do PORQUE não tem sentido de pedido de explicação, apenas como operador de discurso, atuando no sentido de manutenção do diálogo.

Precursores do Discurso Narrativo

• Até 3 anos é mais frequente a tentativa de relatos do que histórias (que começam com dois anos e meio).
• A origem do relato é o contexto específico de interação adulto/criança.
• Papel do adulto no relato: Fazer perguntas (eliciação) que, respondidas, favorecem o surgimento das narrativas.

          Geralmente, as perguntas questionam sobre a origem de objetos presentes no momento da interação (Quem te deu isso? O que aconteceu aqui?), fazendo referência a eventos passados em objetos presentes (evocadores de lembranças).
          Perguntas eliciadoras (levam a criança a organizar lembranças sob a forma do discurso narrativo):

a) Incidem sobre a localização espacial do evento a ser evocado. (Aonde você foi? Você foi no...).
b) Incidem nos personagens. (Quem? Com quem?)
c) Incidem sobre a ação propriamente dita. (O que aconteceu? O que você fez lá?)
Segundo Labov, as perguntas podem ser divididas em:
Seção de orientação (‘a’ e ‘b’)
Seção de complicação (‘c’)
          A última se refere ao desenvolvimento da ação (complicação), sendo a narrativa propriamente dita. Nesta fase, o adulto não faz perguntas referentes a tempo (Quando? Que dia?), já que é impossível de ser correspondido pela criança. Quando isso ocorre, a criança responde QUANDO (tempo) como se fosse ONDE (lugar).
          Outra forma de eliciação é o adulto assumir o papel da criança relatando o evento, essa estratégia tem valor de provocação e pode ser mais acentuada pela contradição. A contradição não leva a criança a narrar melhor e pode provocar interrupção.
          Depois do apenas comentar, a criança começa a relacionar dois eventos organizados temporalmente. (Ex.: Ele foi na água e molhou o pé.).

 
 
TÉCNICA NARRATIVA PRIMITIVA – 3 ANOS

          Começa uma coordenação de duas possibilidades narrativas (relatos e histórias) com o uso de colagens e combinações livres, resultando em casos.
          Criança já diferencia o discurso narrativo de outros discursos.

* História: enredo fixo, alternância entre dois equilíbrios (dano e reparação, conflito e resolução do conflito).

- Marcas linguísticas da história (operadores narrativos):
a) Era uma vez;
b) Aí, então, depois, um belo dia;
c) Acabou a estória, foram felizes para sempre, fim.

- Possui também uma prosódia característica.

* Relato: narrativa constituída para recuperar linguisticamente uma sequência de experiências pessoais pelo narrador. Compromisso com a verdade.

* Caso: não há compromisso com o enredo fixo nem com a verdade. Surge pela dificuldade da criança de relatar.


DESENVOLVIMENTO DAS HISTÓRIAS

          Papel do adulto é fundamental, dando indicações de como começar ou continuar. Na presença de livros, se o adulto não mediar, a criança apenas nomeia as figuras.
          No início, a criança apenas faz interferências na contagem de história do adulto.
          Entre 3 e 4 anos, as tentativas de construir histórias aumentam consideravelmente.
          A criança utiliza ‘colagens’ de histórias contadas pelos adultos e a expressão ‘aí’ para fazer a ligação entre elas. ‘Aí’ é um operador discursivo que faz relação temporal entre eventos.
          É comum hesitação e o apoio na gravura do livro, elegendo a ilustração como foco do episódio (dificuldade na figura-fundo).


AS HISTÓRIAS:
1) Oferecem modelos narrativos, dos quais a criança extrai fragmentos de estruturas e operadores.
2) Abrem para a criança a possibilidade de construir outros universos de referência, aos quais só se tem acesso através da linguagem.
3) Possibilita a criação da função através da linguagem, permitindo à criança utilizar esse poder que a linguagem lhe dá de constituir o ‘não observado’ e reconstruir o passado.

          Para a criança, a história é algo que aconteceu no passado e não uma ficção. Elas ajudam no entendimento de mundo sem a pressão de separar o real do faz-de-conta.
          Importância das histórias: Agente de socialização, transmissão de padrões recorrentes de valores, expectativa sobre os papéis e relações que são parte da cultura da sociedade em que a criança vive.
 

DESENVOLVIMENTO DO RELATO

          Papel do adulto: Além das perguntas eliciadoras (Onde? Quem? O que aconteceu?) usadas na protonarrativa, o adulto começa a perguntar ‘QUANDO?’.
          O adulto também usa o ‘Quando’ para marcar pontos de referência no passado. Ex.: ‘Você chorou hoje de manhã quando sua mãe foi trabalhar?’, além de expressões como ‘Você lembra?’.
          Com 3 anos, a criança relata eventos justapostos, relativamente organizados no plano temporal, mas sozinha não constrói pontos de referência com ‘Quando’.
          Com 3 anos e meio, com a eliciação dos adultos, começam a surgir relatos mais complexos, com ‘Quando’ e algumas expressões de relações temporais.
          Os relatos são mais difíceis de serem elaborados do que os casos devido ao seu compromisso com a realidade.


DESENVOLVIMENTO DOS CASOS:
COLAGENS, COMBINAÇÕES LIVRES E APOIO NO PRESENTE.

          Para construção dos casos, a criança se baseia em uma macroestrutura narrativa concreta (das histórias), utilizando seus marcadores (era uma vez, aí, então, depois) e preenche esta macroestrutura (moldura linguística) de três modos: colagens, combinações livres (recursos linguísticos) e apoio no presente (recurso não-linguístico).

Colagem: Incorporação de fragmentos de histórias conhecidas e ocorrência de discursos diretos clássicos.

Combinação Livre:
* Nível lexical – criação de palavras não existentes utilizando a fonologia e morfologia da Língua Portuguesa, produzidas para preencher espaços gramaticais dentro dos enunciados da criança. Ex.: ‘Fazedô de doce’.

* Nível do discurso – ordenação linguística de maneira não ordinária de eventos/ações que foram observados pela criança com função de preencher espaços ou lugares narrativos, resultando em uma não realidade.
         
O relato pode se transformar em caso através do uso de combinação livre no nível do discurso.

Apoio no presente: Inserção na narrativa de experiências ou objetos presentes no momento da interação que desencadeiam lembranças de eventos passados. Obs.: Esse recurso já era usado na protonarrativa. Desde idade precoce as crianças já têm ciência da tarefa de organizar suas lembranças.

          Uso do discurso indireto precede o discurso direto pela dificuldade em ‘dar vida’ aos personagens.
          Os primeiros empregos do discurso direto são preenchimentos de ‘lugares’ gramaticais criados em enunciados com o verbo DIZER.

Sequência de manifestações dos diversos tipos de discurso:
1) Do diálogo à narrativa sem diálogo.
2) Da narrativa sem diálogo àquela com diálogo.

          No final da técnica narrativa primitiva é mais comum o uso de QUANDO (Ex.: Quando eu tava dormindo, ele puxou meu pé) que marca a consolidação de um progresso na criação de pontos de referência para a localização temporal do evento.
          O papel do adulto na técnica narrativa primitiva é ser cúmplice na criação de realidades, o que permite à criança narrar e se constituir como o locutor, que tanto pode ensaiar um ‘relato’ como ‘criar casos’.



A CRIANÇA COMO NARRADOR – 4 ANOS

          A partir dos quatro anos, a criança toma mais iniciativa de relatar eventos/ações passadas.
          Com quatro anos e meio, a criança se constitui como narrador, transformando os papéis dos interlocutores. A criança assume um papel mais ativo e autônomo na construção das narrativas, constituindo o adulto como um interlocutor em situações que tendem a ser simétricas.


A construção de pontos de referência pela criança

          Utilização do QUANDO pela criança (tem origem nas eliciações do adulto de lembranças de eventos passados). Deixa de ser usado com significado do ONDE.
          Na tentativa de criar pontos de referência, a criança começa a usar ‘Você lembra?’, ‘Sabe?’. Estes são índices importantes do início de mudanças nos papéis dos interlocutores.
          A criança percebe a distinção entre ela própria e o interlocutor e reconhece que precisa garantir que o interlocutor conheça a situação ou pessoa a partir da qual se constrói a narrativa.
          Uso de ‘até’ (Ex.: Tinha até cavalo) e de expressões temporais (outro dia).
          Algumas narrativas nessa fase (4 anos) ainda são um amontoado de enunciados em que apenas se mencionam aspectos de eventos passados, sem que seja possível relacioná-los temporal ou casualmente.
          Os objetos presentes ainda são importantes nas estratégias utilizadas nesse período. A noção de dias da semana e o grau de afastamento em número de dias passados, ainda são desorganizados. A criança não tem noção da distância dos eventos, o passado é todo percebido da mesma forma.
          Papel do adulto: Para dar sequência à narrativa do relato é importante que o adulto pergunte QUANDO, geralmente quando o adulto insiste na pergunta a criança tenta organizar verbalmente eventos/ações passadas.
          Depois de 4 anos e meio, a criança já pode usar o QUANDO e responder a essa pergunta sem usar os operadores ‘então’ e ‘aí’.
           Aumentam as expressões ‘outro dia’, ‘ontem’, ‘amanhã’, ‘desde que’.
           Até os cinco anos não usam o termo ‘antes’.
          Para chegar a ordenar temporalmente eventos e para usar expressões temporais, a criança precisa criar pontos de referência, mesmo que vagos (quando eu era bebê).
          A aquisição dos pontos de referência ocorre na interação com o adulto ou na incorporação de discursos do adulto (quando você era pequenininho).
           Nas histórias, os pontos de referência estão sempre presentes, através da introdução do evento/ação, que vem alterar o estado de coisas originais, estabelecendo desequilíbrio.
           Depois de 4 anos, a criança pode relacionar dois eventos, sendo um deles o ponto de referência sem ainda usar QUANDO (aí prendeu o príncipe, aí a Branca de Neve chorou).
          A ordenação temporal começa a ser organizada na contagem de história, no relato é mais difícil.
          A criança continua usando o DEPOIS, que já era usado desde os 2 anos e meio (depois de hoje, depois que acabou a festa). O depois também é usado para marcar momentos anteriores ao do momento da interação (depois que eu dormir e ficou hoje). O ANTES ainda não é usado aos 4 anos.
          Para chegar aos conceitos de ontem, hoje e amanhã, a criança precisa ter o conceito de dia.

Antes dos 5 anos, a criança é capaz de estabelecer:
1) Pontos de referência partilháveis pelo interlocutor para a ordenação temporal de eventos;
2) Criar personagens na narrativa independente do narrador, que já tem voz.


DISCURSO DIRETO
          Com 3 anos, a criança usa o discurso direto em ocorrências clássicas das histórias sem fazer ajustes para que essas possam ser vista como a fala dos personagens.
          Depois de 4 anos, a criança começa a usar o discurso direto independente do narrador, mas ainda não consolidou esse uso.
          Nesta idade também há um progresso crescente na representação das condições pragmáticas do discurso narrativo, a criança mostra consciência sobre o ponto de vista do interlocutor, provocando uma mudança no comportamento do adulto.


Mudança no papel do adulto: de ‘médico’ para ‘monstro’

           A criança assume papel de narrador. Adulto assume papel menos ativo.
          Nesta fase, é comum a criança criar casos (que podem ser vistos como mentiras), que muitas vezes são ‘questionados’ pelo adulto, o que atrapalha o processo criativo e de constituição da criança como narrador.
         Em algumas situações a criança narra ‘apesar’ do adulto, ao contrário de etapas anteriores em que a criança, para narrar, precisava da mediação do adulto.
          O adulto tente impor um modelo de história tradicional.


Por que não narrar quando já se sabe narrar?
          Com 4/5 anos não se pode considerar que recusas da criança para narrar sejam por não saber fazê-lo.
          Os motivos para essas recusas, além de sono, cansaço, irritação, timidez etc. são:

1) A atividade não-linguística que a criança realiza é mais atraente que o ato de narrar;
2) A criança reconhece falta de sentido ou ausência de motivação para a narrativa solicitada pelo adulto, isto acontece nos casos em que o adulto partilhou da experiência a ser narrada, o que viola uma das condições de narrar;

3) Uso de livros que não são organizados como histórias (sem narrativas), e sim descrições das ilustrações que, sem uma situação singular, não têm como criar uma história.

          Nesta etapa, a criança mostra para o adulto que não há sentido em responder perguntas que antes respondia. É mais comum que se interessem em responder QUANDO e PORQUE.
          O acordo: O quê, quando, para quem narrar.
         O papel do adulto de ‘podar’ a narrativa da criança resulta em um ‘acordo’ no qual a criança passa a decidir o que narrar, quando e para quem.

Há três tipos de discurso, segundo Orlandi (1981)

1) Discurso lúdico;
2) Discurso polêmico;
3) Discurso autoritário.

          Lidam com a realidade, têm compromisso com a verdade.
          A criança, aos 5 anos, descobre que os tipos de discursos podem ser negociados. Assumindo o papel de narrar e dominando uma técnica de construção das narrativas, pode agir de acordo com os limites que o tipo de discurso impõe.
          Quando combinam que se trata de um jogo ou uma história, a criança fica livre para criar seus ‘casos’.
         Em situações de discurso polêmico e autoritário, a criança entende que suas argumentações só servem em relatos plausíveis para serem aceitas pelo adulto.


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* ALTERAÇÕES DA FALA E DA LINGUAGEM *

 


SEU FILHO ESTÁ GAGUEJANDO?


          Caso seu filho tenha dificuldade para falar e costume hesitar ou repetir determinadas sílabas, palavras ou frases, ele pode ter uma disfluência ou uma gagueira. Contudo, também pode estar atravessando um período de disfluência normal, período este que muitas crianças enfrentam quando estão aprendendo a falar. Este informativo vai ajudá-lo a entender a diferença entre gagueira e o desenvolvimento normal da linguagem.


A disfluência normal das crianças:

1. A criança dentro do seu desenvolvimento normal pode ser disfluente, ocasionalmente, repetindo uma ou duas vezes sílabas ou palavras, por exemplo: pa-pa-pato. As disfluências também podem incluir as hesitações e as interjeições como: “há”, “e”, “hum”.

2. As disfluências ocorrem com mais frequência entre um ano e meio e cinco anos de idade, costumam ir e vir.


          Normalmente essas disfluências são sinais de que a criança está aprendendo a usar a linguagem de maneira nova. Se as disfluências desaparecerem durante várias semanas e depois voltarem, a criança pode estar atravessando uma nova fase de aprendizagem.


A CRIANÇA COM GAGUEIRA LEVE

1. A criança com gagueira leve repete sons mais de duas vezes, pa-pa-pa-pa pato por exemplo. A presença de tensão pode ser evidente nos músculos faciais, especialmente ao redor da boca.

2. A intensidade da voz pode aumentar com as repetições e, ocasionalmente, a criança terá “bloqueios” – ausência de ar por alguns segundos.

3. Tente falar mais lenta e relaxadamente quando conversar com seu filho. Encoraje os outros membros da família para fazerem o mesmo. Não fale tão devagar de modo que sua fala pareça estranha, mas mantenha-a lenta e faça várias pausas.

4. A fala lenta e relaxada pode ser mais eficaz quando a criança tiver um tempo do dia com a atenção de seus pais só para ela, sem ter que competir com os outros. Alguns minutos do seu dia podem ser reservados para a criança, é um tempo em que se vai apenas ouvir o que ela tem para falar.

5. Quando seu filho falar ou perguntar algo, tente parar um segundo ou mais antes de responder. Isso vai fazer com que sua fala fique mais lenta e relaxada.

6. Tente não ficar chateado ou nervoso quando a gagueira aumentar. Seu filho está fazendo o melhor que pode para aprender muitas regras novas de linguagem (todas ao mesmo tempo). Sua atitude de aceitação e paciência vai ajudá-lo muito.

7. Repetições sem esforço e prolongamentos de sons são as maneiras mais saudáveis de se gaguejar. Qualquer coisa que ajude seu filho a gaguejar desta maneira ao invés de com tensão e evitando palavras deve ser feito.

8. Se seu filho fica frustrado ou triste quando a gagueira está pior, dê a ele segurança. Algumas crianças se sentem melhor quando ouvem “Eu sei que é difícil falar ... mas muitas pessoas empacam em algumas palavras ... não tem importância”. Algumas crianças se sentem mais confiantes ao serem tocadas ou abraçadas quando se sentem frustradas.

9. As disfluências vão e vêm, mas estão mais presentes do que ausentes.


A CRIANÇA COM GAGUEIRA SEVERA
 
1. Se seu filho gagueja em mais de 10% de sua fala, apresenta esforço e tensão para falar, evita palavras (muda as palavras) e/ou usa vários sons para começar a falar, ele precisa de terapia. Os bloqueios de fala são mais comuns do que as repetições e os prolongamentos. As disfluências estão presentes na maioria das situações de comunicação.

2. Neste caso procure um serviço de fonoaudiologia para tratar de seu filho. Exija um especialista, não é qualquer profissional que sabe tratar das gagueiras infantis.

3. As sugestões dadas para os pais de crianças com gagueira leve também servem para as crianças com gagueira severa. Tente lembrar que lentificar e relaxar sua própria fala traz muito mais benefícios para a criança do que falar para seu filho relaxar, respirar, pensar, falar mais devagar etc.

4. Encoraje seu filho a falar com você sobre a gagueira. Mostre paciência e aceitação enquanto conversar sobre o assunto. Superar a gagueira é mais uma questão de perder o medo de gaguejar do que se esforçar para falar melhor.
 

DICAS IMPORTANTES PARA LIDAR COM UMA CRIANÇA DISFLUENTE...


• Fale lenta e relaxadamente com ela, articulando bem as palavras, dando modelos corretos da fala, mas não perca a naturalidade durante o diálogo.

• Não utilize expressões como: “respire fundo”, “pense antes de falar”, “fale mais devagar”, “calma”, "pare e tente novamente", "fale direito", etc.

• Não faça gestos ou ações como arregalar os olhos ou franzir as sobrancelhas.

• Nunca a chame de gaga e não discuta esse assunto com ela ou perto dela.

• Olhe para ela enquanto fala, demonstrando interesse em escutá-la, acene com a cabeça, sorrindo, fazendo sons de aprovação, etc.

• Evite interromper durante a fala dela, se for necessário, faça no fim da frase, nunca no começo ou no meio.

• Não a apresse para falar, nem termine a palavra ou a frase por ela, tenha paciência em escute o que tem a dizer.

• Não a force a falar em público e não exija mais do que ela pode oferecer.

• Demonstre sempre que reconhece e aprecia as suas qualidades.

• Não tente ensinar truques que possam ajudá-la a superar as dificuldades da fala.

• Preste mais atenção no conteúdo da mensagem e não no quanto ela está gaguejando.

• Não permita que outras crianças caçoem dela.


          Conclui-se então que as pessoas que convivem com um portador de gagueira estejam atentos a estas orientações a fim de proporcionar-lhe um suporte emocional equilibrado visando uma melhor qualidade de vida.

>> Tais orientações são úteis para crianças como para adultos.

          É de fundamental importância para um resultado satisfatório, o interesse e a força de vontade do indivíduo em melhorar a disfluência de sua fala.

Algumas generalidades sobre a gagueira (crianças e adultos), segundo estudiosos:

* Predominância no sexo masculino (3-4 homens para 1 mulher).

* Há casos em todos os povos, sendo mais freqüente entre as nações civilizadas.

* Há grande índice em gêmeos.

* Em 80% a 85% dos casos, há fatores hereditários que provém mais freqüentemente do lado materno.

* Nos casais que ambos são disfêmicos, 78% têm filhos gagos.

* Início de gagueira após “over-dose”.

* Poucos casos entre portadores de deficiência auditiva.

* Há casos de cura após diagnóstico de surdez severa.

* O indivíduo gagueja quando está acompanhado ou quando sabe que está sendo observado, sozinho, ele não gagueja.

* O disfluente consegue cantar bem, sem gaguejar, pelo fato do canto e da melodia estarem relacionados ao hemisfério direito do cérebro e a fala no hemisfério esquerdo.

* As más condições físicas e alimentares agem como predisponentes.

* Alterações sono, na dentição, na puberdade, entre outros, agem em função de uma gagueira, bastante que o indivíduo tenha predisposição a este distúrbio.

* A convivência ou imitação da gagueira e o bilingüismo somente levam à disfluência se houver predisposição.



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DISFEMIA

 
          Definida como uma fala com alterações rítmicas, encontrada em adultos e crianças e é subdividida em:

* Gagueira

Situação de fala em que se apresentam bloqueios, omissões e prolongamentos de fonemas e sílabas, acrescida de movimentos corporais inconscientes, tensão e logofobia (medo de falar). O termo técnico é espasmofemia.


* Taquilalia

Fala com alteração de ritmo acelerado e de linguagem, devido disfunção neurológica, com tensão imperceptível.


* Taquifemia

Fala com ritmo acelerado, com tensão imperceptível, porém sem alteração de linguagem, omite muitas sílabas e até frases inteiras. Frequentemente são indivíduos impulsivos que querendo falar muito depressa, tornam sua fala difícil de ser compreendida.


* Tartamudez

Alteração de linguagem associado a gagueira, com construções fraseais inadequadas, dificuldades na organização do pensamento e na compreensão da linguagem auditiva, alguns problemas de leitura e escrita, além da articulação defeituosa (Deficiência Auditiva, Síndrome de Down e algumas Afasias).


* Bradifemia

Fala com ritmo lento, com tensão imperceptível, porém sem alteração de linguagem.


* Bradilalia

Também conhecida como disprosódia orgânica, caracterizada por fala monótona com causa de disfunção neurológica, normalmente acompanhada de alterações de linguagem.


* Cluttering

Alteração de articulação, ritmo e fluência na fala, com problemas de leitura e/ou escrita e falta de consciência do problema.



FORMAS DE ALTERAÇÃO

* Repetição

O termo engloba quantidade e qualidade. A repetição pode acontecer uma, duas ou cinco vezes (quantidade) e pode ser de sílaba, de palavras (qualidade).


* Acréscimo

É a soma de sons ou palavras inadequadas no discurso.


* Omissão

É todo intervalo de forma inapropriada no decorrer do discurso.


* Bloqueio

É a interrupção brusca de uma palavra que vem acompanhada de algum esforço vocal ou mesmo corporal.


* Prolongamento

Pode ser considerado prolongamento todo alongamento vocálico ou silábico que tenha duração inapropriada, ou seja, todo som que seja prolongado além do permitido pelas leis da fonética.


* Substituição

Troca de palavras ou fonemas por outro, frente a dificuldade de emiti-los.


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TIPOS DE ALTERAÇÕES DA FALA E DA LINGUAGEM


* Distúrbio da Motricidade Oral:

Alteração dos movimentos da região oral.
(deglutição atípica, alteração na fala, problemas nas vias aéreas superiores, uso de mamadeira e chupeta, sucção de dedo e objetos).


* Fissura Palatina:

Não fechamento do palato, dos lábios ou ambos.


* Disfonia Infantil:

Alteração na qualidade da voz da criança.
(voz rouca, áspera ou soprosa, desequilíbrio da ressonância nasal e oral, intensidade elevada ou fraca demais, tom muito agudo ou muito grave).


* Disgrafia:

Dificuldade motora para os movimentos finos.
(caligrafia desordenada, posicionamento torto no papel, escrita forte ou fraca demais, dificuldade espacial e de lateralidade).


* Dislalia:

Distúrbio articulatório dos fonemas.
(substituição e/ou omissão de consoantes).


* Disfemia (Gagueira):

Distúrbio da palavra falada.
(repetições, prolongamentos, bloqueios, hesitações e excesso de pausas).


* Distúrbio do Aprendizado da Leitura e da Escrita (Dislexia):

Dificuldade da leitura, escrita e cálculos matemáticos.
(trocas e omissões grafêmicas, dificuldade na elaboração e compreensão gráfica).


* Distúrbio da Aquisição de Linguagem (Atraso de Linguagem):

Início tardio do desenvolvimento da fala e da linguagem.
(evolução não satisfatória ou dificultosa).



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