Assunto: EDUCAÇÃO INFANTIL

COMO VAI SEU FILHO NA ESCOLA?


          Normalmente quando uma criança vai mal na escola, repetindo uma ou mais vezes de ano, ela é rotulada de “burra” ou “preguiçosa”. Mas nem sempre isto é verdade, pois existem várias causas de ordem emocional, pedagógica, auditiva/visual, psicomotora, neurológica e alterações de fala e linguagem que podem levar uma criança a ter dificuldades, principalmente no início da alfabetização.

          Uma criança só está apta a ser alfabetizada quando tiver as funções básicas (coordenação motora, orientação espacial e temporal, percepção visual e auditiva, esquema corporal, noções de lateralidade – esquerda/direita e habilidade linguística) desenvolvidas. O que acontece após várias etapas de evolução que têm início no nascimento.

          Muitas dificuldades no início da alfabetização poderiam ser evitadas se as mães ou professoras, na pré-escola, estimulassem mais o desenvolvimento da criança através de vivências psicomotoras, como pular, correr, desenhar, recortar, colar, etc. Pais e educadores devem estar sempre atentos ao desenvolvimento das funções básicas da criança e se ela apresentar dificuldades deve-se procurar os especialistas – Fonoaudiólogos, Psicopedagogos ou Psicólogos – para um tratamento, que deverá ser iniciado antes que ela comece a ser alfabetizada.

          Por outro lado, exigir demais da criança na escola pode gerar problemas que vão de uma simples ansiedade a dificuldades de relacionamento e baixa autoestima, o que consequentemente acarretará em fracasso escolar.

          “A criança sob pressão de um alto nível de exigência e expectativa em relação ao seu desempenho escolar torna-se carente, insatisfeita e até depressiva”, alerta o neuropsiquiatra Alfredo Castro Neto.

          A forma de como os pais agem com seus filhos na hora da lição de casa também influencia no rendimento escolar. Algumas orientações devem ser seguidas para exercitar a autonomia e disciplina da criança: não faça a lição por ela, deixe-a assumir as conseqüências de seus atos e não se justifique; não se torne o professor dela, a forma de resolver a questão pode ser diferente da escola; garanta o sossego, ter um local e horário definido para estudar facilita a concentração; controle-se e não “assopre” a resposta, estimule-a a raciocinar e lembrar do que aprendeu.

          Entretanto, não se preocupe se não tiver muito tempo para olhar a lição de seu filho. Essencial é mostrar interesse e acompanhar o aprendizado dele, independentemente da série em que ele esteja, perguntando como vão seus estudos, se está gostando, se tem dúvidas e ouvi-lo falar do assunto, ao menos um pouco.



******************************************************



COMO AJUDAR SEU FILHO NAS LIÇÕES DE CASA


ORIENTAÇÕES COMENTADAS


1) NÃO FAÇA A LIÇÃO OU A PESQUISA PELO SEU FILHO

Pouca gente assume, mas é mais comum do que se imagina. Em geral, são pais ansiosos e que em alguns casos consideram a orientação da escola insuficiente. No entanto, isso exime a criança de uma responsabilidade que é dela. O dever escolar é uma oportunidade de exercitar autonomia, disciplina e organização.


2) NÃO SE TORNE O PROFESSOR DO SEU FILHO

Pode dar certo ou ser um desastre completo. Nas explicações de matemática, por exemplo, a tendência dos pais é orientar a solução dos problemas conforme aprendeu, o que fatalmente já está ultrapassado do ponto de vista didático. A rotina pode melhorar o desempenho escolar.


3) COMO AJUDAR NA LIÇÃO?

Apesar de sentir vontade de “assoprar” a resposta certa, contenha-se. Se puder, faça perguntas que estimulem a criança a lembrar das possibilidades que já conhece para resolver a questão.


4) GARANTA O SOSSEGO

Ter um lugar definido para estudar, com mesa, lápis, borracha, papel e até computador, se for o caso, incentiva a organização e facilita a concentração. Pode ser no quarto ou na sala, desde que o estudante não precise interromper sua atividade para que alguém possa ver tevê ou porque é hora do almoço. Se houver pouco espaço, divida o tempo para que isso não aconteça. A família precisa respeitar esse momento de estudo e a rotina.
 
5) NÃO SE PREOCUPE SE TIVER POUCO TEMPO PARA OLHAR A LIÇÃO

Nas séries iniciais, as lições são criadas para ser feitas apenas pelos alunos. Essencial é mostrar interesse e perguntar à criança o que tem aprendido na escola, se está gostando, se tem dúvidas e ouvi-la falar do assunto. Com filhos maiores, os pais podem e devem cobrar o cumprimento da tarefa escolar se o jovem fizer a linha esquecido ou pouco responsável.


6) ESTIMULE SEU FILHO A ASSUMIR RESPONSABILIDADES

Por fim, não se desespere se a criança ou o jovem não fizer a lição ou a pesquisa. Deixe-o lidar com a situação e não se justifique por ele. Incentive-o desde já a assumir as conseqüências de seus atos. Tenha em mente que a lição é responsabilidade dele.

FONTES: Sueli Fanizzi, professora do ensino fundamental em São Paulo; Ana Olmos, neuropsicóloga infantil; Mariângela Scagliusi, psicóloga de crianças e adolescentes; Valéria Silva, orientadora pedagógica.


*************************************************************


DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM


          As crianças que apresentam dificuldades de apredizagem são aquelas que não possuem distúrbios em todos os processos básicos para aprender a ler e a escrever, são crianças capazes de aprender, mas que necessitam apenas de ajuda e reforço escolar. Em geral, são crianças inseguras, portadoras de problemas emocionais, mas que frequentam classes e escolas regulares.


          Na literatura clássica, as dificuldades de aprendizagem, quando específicas, recebem a nomenclatura de acordo com os tipos apresentados:

- DISLEXIA

- DISGRAFIA

- DISORTOGRAFIA

- DISCALCULIA



          Essas dificuldades podem aparecer isoladas ou associadas; no entanto, não se pode dizer que se instalem no 2º ano do 1º grau, os sintomas terão que aparecer várias vezes para caracterizar o diagnóstico. É comum que a criança apresente disortografia como uma projeção da dislexia.


         Um dos objetivos da terapia dos distúrbios de aprendizagem é o de aumentar a auto-confiança e a autoestima da criança, já desgastadas pelos contínuos fracassos escolares. A psicomotricidade é um valioso recurso para harmonizar a criança neste momento, pois através dos movimentos do corpo ela se relaciona com o mundo e consigo mesma, advindo daí maior segurança, maior domínio corporal, postural e, consequentemente, melhor autoimagem.

          É importante levar a criança a compreender a relação entre o uso da linguagem falada e a linguagem escrita, pois aprender a ler e a escrever significa sobrepor o código, já reconhecido, da linguagem falada ao novo código visual simbólico da linguagem escrita.

          A disparidade entre as crianças é uma realidade estabelecida, que se deve a muitos fatores, no entanto, três são fundamentais. O primeiro refere-se à diferença de nível cultural, pelo acesso ao material escrito; o segundo diz respeito à própria linguagem que, por ser diferente, traz dificuldades instantâneas à criança ao ingressar na escola, fazendo com que se torne retraída; o terceiro fator inscreve-se na criança por sua própria crise edipiana ao ingressar na escola, momento em que deve renunciar à posição de criança pequena, protegida pela família, tornando-se um ser social, tendo que enfrentar as leis do novo grupo. Dependendo de sua estrutura psicológica, esses três fatores podem assumir tal proporção ao ponto de se transformarem em obstáculo intransponível, resultando em fracasso escolar.




*************************************************************

DIFICULDADES ESCOLARES   X   ALIMENTAÇÃO


           A grande preocupação do Ministério da Saúde é que a criança desnutrida de hoje pode ser o obeso de amanhã, havendo uma relação intrínseca entre esses dois distúrbios alimentares presentes na vida da criança, onde ambos apontam para a mesma causa hábitos alimentares e práticas de vida inadequados.
           Na maioria dos casos, alimentação pobre em ferro ainda é a responsável pelo grande número de crianças com anemia. Não falta o que comer, falta uma dieta correta. É assim também com as crianças e adolescentes que estão acima do peso; elas não estariam comendo demais, mas estariam comendo de maneira inadequada.
           A convivência da desnutrição lado a lado com a obesidade revela mais que desigualdades econômicas; revela uma grande carência de estímulos para uma dieta saudável. Nos dois casos, a criança acostumou-se com sanduíches, salgadinhos e refrigerantes e não foi devidamente estimulada a comer frutas, verduras e legumes. Os adultos à sua volta, pais, parentes, professores ou merendeiras, nunca as ensinaram como comer corretamente e nem imaginavam que podiam estar comprometendo a saúde dessa criança.
           Nesse cenário, em que quem ensina a comer é a TV, muitos pais se defrontam com o desafio de filhos que não ganham peso e de filhos que ganham peso demais. A solução está na reeducaçõ alimentar, na adoção de uma dieta balanceada e saudável que muitas vezes pode encontrar resistência da parte dos filhos "mal acostumados". É preciso que aos poucos eles aprendam a gostar das frutas, legumes e verduras tanto quanto gostam antes dos hamburgures e dos salgadinhos, ou pelo menos que os coma por responsabilidade, mesmo não gostando dos sabores; e para isso, deve haver estímulos e esforços dos pais no sentido de oferecer aos seus filhos alimentos saudáveis.
           O organismo humano necessita receber através da alimentação 40 a 45 elementos indispensáveis para o seu bom desenvolvimento. Na criança, o déficit de um ou mais nutrientes causa prejuízo a algumas funções orgânicas, levando ao aparecimento de doenças carenciais, e tendo como consequência na vida adulta, um indivíduo menos produtivo e incapacitado para determinadas atividades.
           Em uma criança, a obesidade atrapalha o crescimento e pode provocar a má formação das articulações e dos quadris. A médio e longo prazo, podem surgir hipertensão, colesterol elevado, diabetes e outros males cardíacos. Estimativas médicas mostram que oito de cada dez crianças obesas tornam-se adultos gordos. Com relação a anemia, sabe-se que não é necessariamente um problema típico de populações mais pobres ou de crianças mais magras. A alimentação inadequada faz com que a anemia apareça em todas as classes sociais e em crianças rechonchudas, que aparentemente gozam de excelente saúde. Tudo depende do que os pais põem no prato de seus filhos. A médio-longo prazo, o crescimento físico e mental dessas crianças podem ficar retardados, e a fadiga, cansaço e falta de ar podem comprometer o rendimento escolar.
           É importante que todos os pais saibam que um dos principais fatores que influenciam no rendimento escolar é a alimentação. Problemas como déficit de atenção, falta de concentração, hiperatividade, falta de memória, entre tantos outros, podem muitas vezes estar ligados a erros alimentares.
           Diversos estudos têm encontrado uma dificuldade escolar maior em crianças que consomem açúcar em excesso: chocolates, refrigerantes, guloseimas, doces, etc. Além disso, outros estudos associam as dificuldades de aprendizado a corantes e aditivos alimentares.
          Deficiências nutritivas de vitaminas e minerais também podem causar ou agravar problemas de aprendizado, além de falta de apetite e cansaço. A carência de alguns micronutrientes contribui para a deficiência de serotonina, que além de afetar o humor, pode ser causa de menor rendimento escolar. O zinco e a niacina, por exemplo, atuam no hipocampo que tem uma função importante no desenvolvimento da memória e nas emoções. No caso da deficiência de ferro, pode contribuir para o aumento dos radicais livres cerebrais causando dificuldade escolar.
           Por isso, além de uma alimentação saudável em casa, é imprecindível que a criança faça um bom lanche na escola, com alimentos nutritivos, ricos em todos os nutrientes importantes para o seu bom rendimento escolar.
            
FONTE: Jocelem Salgado - Nutricionista

*********************************************************************


EDUCAÇÃO:
RESPONSABILIDADE DA FAMÍLIA OU DA ESCOLA ?


          Uma mãe contou-me, certa vez, que se reuniu com o marido, já tarde da noite, para tratar de um problema com o filho: o garoto não obedece. Depois de uns minutos de conversa e, sem nenhuma conclusão, o pai disse: "mas não há muito que se preocupar, faltam apenas dez  dias de férias. Com a volta às aulas, quem sabe a escola dá um jeito nele...". O problema proposto e a forma com que se buscou a solução nos permitem fazer uma indagação: a quem cabe a responsabilidade pela educação dos filhos, aos pais ou à escola? O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, consagra em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paterniudade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, dentre muitas outras.
          Os filhos nascem e se educam em uma família concreta. A família é uma atmosfera que a pessoa necessita para respirar. Entre seus membros costuma haver laços de afeto incondicionais que fazem um ambiente propício para que a educação se desenvolva. Nesse sentido, é ela essencial para a formação da pessoa. Os valores que se cultuam no lar irão marcar de forma indelével o homem e a mulher do amanhã. Muito bem, mas se a função primordial na educação cabe aos pais, o que compete à escola? Ou, mais ainda, como essa pode ajudar os pais na educação dos filhos?
          É natural que os pais deleguem algumas funções educativas à escola, como por exemplo, o ensino das várias disciplinas apropriadas a cada faixa etária, mas daí não se pode concluir que possam abandonar essas funções delegadas. Aliás, somente se delega aquilo que é próprio. E em sendo delegada tal atribuição, cabe aos pais acompanhar como está sendo desempenhada.
          Um ponto essencial nessa relação entre os pais e a escola é cuidar para que haja coerência entre a educação que se desenvolve no colégio e o que os pais ensinam em casa.
          Essa consideração de que os pais ocupam lugar de primazia na educação dos filhos não coloca a escola num segundo plano na função educativa. Pelo contrário, as instituições que reconhecem o papel da família, sem o que a formação que proporcionam não terá eficácia, cuidam de desenvolver também uma educação voltada para os pais. As imensas dificuldades que eles enfrentam em educar os filhos no mundo moderno devem despertar as escolas para que passem a ajudá-los, dando-lhes conhecimentos acerca de como devem atuar na formação dos filhos.
          Não há dúvida de que ser pai e mãe hoje implica em ser profissional da educação. Isso significa que têm de se adiantarem aos problemas naturais de cada idade dos filhos. Por exemplo, é muito comum que enfrentem dificuldades em fazer com que as crianças durmam sozinhas nos primeiros anos de vida, assim como são muito frequentes as crises de rebeldia na adolescência. Diante disso, a escola, como colaboradora da família, deve estar preparada para dar formação aos pais, auxiliando-os com conhecimentos técnicos e com um acompanhamento personalizado nessa difícil tarefa de educar.
          Em vários países há instituições de ensino que têm adotado um programa que consiste em manter contatos periódicos entre os pais e os professores. E isso ocorre não apenas quando o filho quebra a vidraça da escola, mas mesmo que não haja nenhum problema aparente. Trata-se de conhecer o que há de bom em cada aluno e, a partir disso, traçar um plano pessoal de melhora, com atuações concretas a serem implementadas em casa e na escola. Os resultados têm sido bem interessantes. Para isso é necessário, porém, que se admita a importância dos pais na educação, e que a escola, colaboradora desses, os ensinem a educar, atuando ambos coerentemente em uma mesma direção.